Texto 1
É sabido que o oeste catarinense e o sudoeste do Paraná começaram a ser ocupados, no início do século XIX, através da pecuária, em suas regiões de campo, pela criação extensiva em grandes propriedades. O resultante desse processo foi a rarefação da população em grandes espaços. Somente a partir de meados do século passado é que as áreas de florestas, que antes tinham permanecido praticamente intactas, passaram a ser ocupadas através do excedente populacional dos campos de criação de gado ou dos imigrantes provindos de outras partes do território nacional. Esse processo acabou constituindo a população cabocla com uma cultura e um modus vivendi próprios, e com a qual os imigrantes rio-grandenses iriam se defrontar.
As migrações visavam a ocupar o “espaço vazio” do oeste catarinense, dentro do projeto capitalista do governo, já que essa região era vista como perigosa e inóspita, um verdadeiro deserto a ser povoado para nele se produzir. As companhias colonizadoras, então, começaram a fazer investimentos e vender as glebas das áreas de florestas.
Nesse ínterim, entre os descendentes de imigrantes italianos do Rio Grande do Sul (Serra Gaúcha e regiões circunvizinhas), estava ocorrendo um fato conjuntural que veio ao encontro do interesse pela colonização do oeste catarinense. A estrutura fundiária das regiões de imigração rio-grandenses era baseada em pequenos lotes de terra. Essas pequenas propriedades não podiam mais ser desmembradas porque tornar-se- -iam inviáveis economicamente. Daí o deserdamento sistemático e necessário, forçando os colonos e seus descendentes a novas migrações para novas colônias, onde se reproduziu o modelo fundiário anterior.
ZAMBIASI, José Luiz. Lembranças de velhos. Chapecó: Universitária Grifos, 2000, p. 28-29. [Fragmento adaptado].
Sobre o texto 1, é correto o que se afirma em:
a) Os imigrantes originários do Rio Grande do Sul se defrontaram com a cultura cabocla no oeste de Santa Catarina e no sudoeste do Paraná.
b) Os imigrantes italianos pioneiros no oeste de Santa Catarina e sudoeste do Paraná ocuparam inicialmente as áreas de pastagem, próprias para a criação de gado.
c) O confronto cultural entre migrantes caboclos e migrantes italianos no oeste de Santa Catarina tem relação com a disputa de terras na região.
d) As companhias colonizadoras, ao perceber que havia excedentes populacionais na Serra Gaúcha, apropriaram-se ilegalmente de novas glebas de terra no oeste catarinense e ganharam muito dinheiro.
e) Inicialmente, o “espaço vazio” no oeste catarinense e sudoeste do Paraná era considerado inóspito e perigoso, razão pela qual as companhias colonizadoras não tinham interesse em nele investir.