Homem de 77 anos de idade, diabético tipo II, em uso de metformina, e hipertenso crônico estágio I irregular mente medicado (clortalidona prescrita para toda manhã, mas usada apenas segundo critérios do próprio paciente), refere início abrupto de palpitações enquanto estava repousando em seu sítio no interior de São Paulo. Atendido no pronto-socorro local, teve o registro de um eletrocardiograma com traçado de fibrilação atrial, da qual não havia antes nenhuma notícia. Não se sentiu seguro de sofrer cardioversão longe de seu cardiologista e, como se sentisse relativamente estável, resolveu voltar para a Capital e buscar cuidados tão logo fosse possível. Nesse ínterim, as palpitações cederam e o paciente só se apresentou a seu cardiologista 10 dias depois, observando-se traçado eletrocardiográfico equivalente ao registrado quando se sentiu mal na cidade do interior, sem evidências de má tolerância hemo dinâmica e frequência cardíaca de 98 batimentos/minuto. De acordo com as diretrizes vigentes da Sociedade Brasi leira de Cardiologia para Fibrilação Atrial, pode-se dizer que se trata de fibrilação atrial
✂️ a) paroxística (< 15 dias), que deve receber anticoagulação por um período 3 a 4 semanas antes da cardioversão química, mantendo-se com anticoagulação oral indefinidamente depois para prevenção de AVC, com INR entre 2 e 3. ✂️ b) paroxística (< 15 dias e primeiro episódio), que pode receber cardioversão sem anticoagulação prévia caso o ecocardiograma transesofágico não mostre trombos, mantendo anticoagulação oral pelos 6 meses seguintes para evitar AVC por recorrência arrítmica. ✂️ c) persistente (> 7 dias), que deve receber anticoagulação por um período de 3 a 4 semanas e só ser submetida à cardioversão se o ecocardiograma transesofágico não mostrar trombos atriais, mantendo anticoagulação oral indefinidamente para prevenir AVC. ✂️ d) permanente (= 10 dias), que deve receber controle da frequência ventricular e não deve receber cardioversão, pois os riscos de embolia e de recorrência arrítmica nessa faixa etária e comorbidades tornam esse procedimento arriscado e pouco efetivo. ✂️ e) persistente (> 7 dias), que deve receber anticoagulação por um período de 3 a 4 semanas no caso de o ecocardiograma transesofágico mostrar trombos atriais, ou ser cardiovertido sem demora no caso contrário, mantendo anticoagulação oral posterior para prevenção de AVC.