Texto associado. Barbárie e civilização
Em 1777, o ferino filósofo francês Voltaire escreveu:
“O mundo começa a civilizar-se um pouco; mas que ferrugem espessa, que noite grosseira, que barbárie dominam ainda certas províncias, sobretudo entre os probos agricultores tão louvados em elegias e éclogas, entre lavradores inocentes e vigários de aldeia, que por um escudo arrastariam os irmãos para a prisão e vos apedrejariam se duas velhas, vendo-vos passar, exclamassem: herege !
O mundo está melhorando um pouco; sim, o mundo pensante, mas o mundo bruto será ainda por muito tempo um composto de animais, e a canalha será sempre de cem para um. É para ela que tantos homens, mesmo com desdém, mostram compostura e dissimulam; é a ela que todos querem agradar; é dela que todos querem arrancar vivas ; é para ela que se realizam cerimônias pomposas; é só para ela, enfim, que se faz do suplício de um infeliz um grande e soberbo espetáculo"
(O preço da justiça . São Paulo: Martins Fontes, 2001, p. 29-30)
Considere as afirmações abaixo.
I. Nas expressões probos agricultores e lavradores inocentes , os qualificativos devem ser entendidos, em função do contexto, como manifestações da ironia de Voltaire.
II. Voltaire acusa o idealismo de poetas que louvam em suas éclogas ou elegias criaturas que de fato ele reconhece como bárbaros ou grosseiros.
III. Ao se valer da expressão suplício de um infeliz , Voltaire está se referindo às provações que sofre um homem culto diante das manifestações de barbárie.
Em relação ao texto, está correto o que se afirma APENAS em
a) I.
b) II.
c) III.
d) I e II.
e) II e III.