
Antropocentrismo e Teocentrismo
A partir do declínio da Idade Média, mais especificamente durante os séculos XV e XVI o Renascimento trouxe importantes mudanças nos campos político, econômico e social na Europa.
Dentre essas mudanças é importante destacar as mudanças ocorridas nas formas de pensar e interpretar o mundo através de perspectivas distintas do pensamento medieval.
Dessa forma o Humanismo surge como uma importante vertente de pensamento social, principalmente se opondo a algumas concepções da Idade Média e da Igreja Católica, principal instituição desse período.
O Humanismo
A perspectiva humanista não se restringiu somente ao mundo da arte. Suas concepções estavam ligadas também a mudanças econômicas, políticas e filosóficas que modificaram profundamente as relações sociais.
Essas novas mentalidades surgidas no século XV, principalmente na região da península Itálica, buscavam fazer oposição ao medieval, mas não negá-lo de forma completa.
É importante entender que o humanismo não é um rompimento definitivo com o pensamento medieval, mas compreendê-lo como uma reorientação de perspectivas e de pensamentos diante do novo contexto histórico.
O individualismo, a valorização do racionalismo, do método científico e da materialidade da vida humana são outras características importantes do Humanismo.
Antropocentrismo e Teocentrismo
Tais mudanças refletem na oposição principal entre dois conceitos importantes: o Antropocentrismo e o Teocentrismo.
Michelangelo as pinturas na Capela Sistina em Roma
No humanismo a incessante busca pela representação do naturalismo, fez com ocorresse um maior busca por conhecer o próprio corpo, emoções e representa-los da forma mais fidedigna possível.
Em uma das famosas de Michelangelo as pinturas na Capela Sistina em Roma demonstram que mesmo com essas novas tendências a representação do divino ainda era uma temática presente no renascimento, evidenciando uma não ruptura em sua totalidade com o período anterior.
Devemos entender o humanismo como um momento de transformação das reflexões do mundo. Assim questões como o próprio pensamento humano sofreram grandes mudanças.
Durante a Idade Média as questões do divino eram colocadas em primeiro plano, onde todas as ações e valores da sociedade eram atribuídos a obra divina. Tal perspectiva ficou conhecida como Teocentrismo.
Com as mudanças de perspectiva durante o século XV, começou-se a valorizar as perspectivas, pensamentos e ações e o próprio ser humano como ator de suas escolhas.
Dessa forma o conceito de Antropocentrismo surgiu em oposição às perspectivas medievais teocêntricas.
Não podemos enxergar o Antropocentrismo como uma forma de negação as perspectivas do divino e da Igreja Católica. Temos que entendê-lo como uma forma de “humanizar” as ideias e concepções inclusive o divino.
As questões religiosas ainda tinham seu espaço no meio social, mas agora aparecia de forma menos sacralizada e mais próxima a realidade.
O Humanismo na Literatura
Dom Quixote de La Mancha, Criado por Miguel de Cervantes, foi uma das obras mais icônicas da Literatura Humanista.
Dom Quixote de La Mancha, Criado por Miguel de Cervantes
Contando a história de um fidalgo que enlouqueceu a ler muitos romances de cavalaria, é uma crítica direta a romantização do período medieval. Acima monumento localizado em Madri, Espanha.
Mesmo presente em várias outras áreas das artes e do conhecimento humano, o Humanismo teve grande destaque também nas obras literárias em várias partes da Europa.
A Literatura humanista foi um importante momento de transição entre o Trovadorismo medieval e o Classicismo renascentista e representou uma nova forma de abordagem e escrita literária.
Tal foi a importância desse movimento que muitas das obras tornaram-se clássicos e até hoje são referências e lidas por muitas pessoas.
Dentre esses autores e obras da Literatura humanista podemos destacar:
- Miguel de Cervantes: Dom Quixote de La Mancha (Espanha);
- Dante Alighieri: Divina Comédia (Itália);
- Gil Vicente: O Auto da Barca do Inferno (Portugal);
- Thomas More: A Utopia (Inglaterra).