
A ditadura civil-militar (1964-1985) foi um período marcado pela ausência de democracia. Para se manter no poder os militares utilizou alguns instrumentos como a tortura que resultou na morte de pessoas por apenas ser contrários ao regime.
Como também, a censura era usada principalmente no aspecto moral com o objetivo da manutenção dos “bons costumes”, ou seja, manter o modelo de família tradicional, representado nos diferentes papéis sociais de mulheres e homens.
O papel da mulher brasileira na ditadura civil-militar
O papel da mulher brasileira na ditadura civil-militar apresentava um conservadorismo influenciado em uma cultura patriarcal (homens possuindo privilégios).
Isso significava que as mulheres eram vistas como importantes na sociedade através da função de esposa e mãe, ficando restrita ao espaço doméstico.
Enquanto, os homens eram os responsáveis pelo trabalho fora de casa, tendo mais liberdade para agir sem precisar se preocupar com as regras de comportamento vivenciadas pelas mulheres.
Essa desigualdade entre mulheres e homens era transmitida através da educação onde as meninas eram ensinadas desde nova a aprender comportamentos que preservassem os valores morais, como por exemplo, a virgindade que era algo extremamente valioso na sociedade, pois significava que as relações sexuais deveriam ser praticadas somente no casamento com a finalidade de ter filhos.
No entanto, influenciadas principalmente pelas transformações mundiais da década de 1960 e 70 como a Revolução sexual (simbolizada no surgimento dos anticoncepcionais) e a insurgência do Feminismo nos Estados Unidos e Europa (discurso de igualdade de gênero, principalmente a liberdade sexual), algumas mulheres brasileiras questionaram esse processo de desigualdade de gênero e contribuíram de diferentes formas para a transformação do papel feminino na sociedade.
Exemplos de mulheres brasileiras na ditadura civil-militar
Leila Diniz
Leila Diniz (1945-1972) foi uma atriz brasileira, que foi considerado símbolo de sua geração por aliar amor e sexualidade, ou seja, ela dizia que as mulheres deveriam ter direito ao sexo prazeroso não restrito a procriação.
E assim, ela questionou os mitos e tabus em torno da sexualidade feminina antes representada apenas no casamento.
Foto de barriga de grávida sem a famosa bata que escondia a gravidez.
A entrevista de Leila ao jornal Pasquim é considerada um símbolo da revolução dos costumes (termo utilizado a este período de transformações sociais no aspecto do comportamento da sociedade), devido ao seu discurso contestarem aos valores morais da época.
Nessa entrevista, ela se auto-identificava como uma mulher livre que escolheu a liberdade como um modo de viver, sendo adepta do amor livre, criticando os moralismos que impedissem a mulher de ser feliz
“(...) Pense bem: a mulher ter data marcada para perder a virgindade... Quando a mulher ama de verdade, ela tem de amar de verdade, um amor total, sem compromisso de datas e falsos moralismos (...). (Fatos e fotos, 1521968).
Rose Marie Muraro
Rose Marie Muraro (1930-2014) foi uma escritora e editora considerada grande responsável por consolidar e dar visibilidade ao feminismo brasileiro nas décadas de 1970 e 80.
Sua atuação na editora Vozes, possibilitou a publicação de livros importantes como A mística feminina de Betty Fridan (feminista americana ) o que resultou na repercussão do feminismo nos jornais brasileiros.
Rose Marie Muraro (1930-2014) foi uma escritora e editora.
No entanto, devido ao período de ditadura militar ter se constituído pela a ausência de liberdade de expressão, as feministas foram vigiadas e perseguidas pelos militares, como por exemplo, a Heloneida Stuart que foi presa e Carmem da Silva que se continha em seus artigos na revista Claúdia, porém ao contrário delas Rose Muraro por trabalhar em uma editora católica tinha uma liberdade maior para expor suas ideias.
O feminismo brasileiro como movimento social de luta pela igualdade teve como protagonismo, mulheres como Rose Muraro que questionou o papel da mulher na sociedade reduzido ao casamento, como também a sua exclusão na esfera pública sendo ela uma mulher que tinha poder em uma editora majoritariamente masculina e conservadora.
Devido a sua importância, ela foi declarada patrona do feminismo nacional por ter papel importante na construção de direitos políticos e sociais das mulheres representados na Constituição de 1988.