Texto associado.
Deus sabe quantas vezes vou deitar-me com o desejo, com a esperança, de não mais despertar. E pela manhã, quando abro os olhos e revejo a luz do sol, sinto-me infeliz. Oh! Se eu fosse leviano, poderia culpar o tempo, uma outra pessoa, um empreendimento fracassado e, assim, o insuportável fardo do descontentamento não me pesaria tanto. Pobre de mim! Percebo muito bem que a culpa é toda minha: não a culpa, não! A verdadeira fonte de toda a minha desgraça está oculta no meu peito, a mesma fonte que outrora produzia toda a minha felicidade. Será que já não sou mais o mesmo que antes flutuava na plenitude dos sentimentos; que encontrava um paraíso em cada passo; que possuía um coração capaz de abraçar com seu amor o mundo inteiro? Mas, agora, esse coração está morto; dele já não brota nenhum entusiasmo; meus olhos estão secos e, como meus sentidos, já não têm o alívio das lágrimas refrescantes, tenho a face contraída pela angústia.
Johann Wolfgang Goethe. Os sofrimentos do jovem Werther.
São Paulo: Martins Claret, 2014 (com adaptações).
Tendo o excerto literário precedente como referência inicial,
julgue o item seguinte, relativo a suicídio.
A estimativa de que 90% dos indivíduos que cometem
suicídio apresentam algum transtorno mental à época de sua
morte vem sendo questionada por cientistas, que apontam
vulnerabilidades na construção dessa informação, baseada,
sobretudo, em estudos de autópsia psicológica, que estariam,
segundo esses cientistas, altamente sujeitos a vieses de
confirmação dada sua limitação metodológica.
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