Sobre a linguagem da Arte, leia o trecho a seguir.
Chinolope vendia jornais e engraxava sapatos em Havana. Para
deixar de ser pobre, foi-se embora para Nova Iorque. Lá, alguém
deu de presente a ele uma máquina de fotografia. Chinolope nunca
tinha segurado uma câmara nas mãos, mas disseram a ele que era
fácil: — Você olha por aqui e aperta ah. E ele começou a andar
pelas ruas. Tinha andado pouco quando escutou tiros e se meteu
num barbeiro e levantou a câmara e olhou por aqui e apertou ali.
Na barbearia tinham baleado o gângster Joe Anastasia, que estava
fazendo a barba, e aquela foi a primeira foto da vida profissional
de Chinolope. Pagaram uma fortuna por ela. A foto era uma
façanha. Chinolope tinha conseguido fotografar a morte. A morte
estava ali: não no morto, nem no matador. A morte estava na cara
do barbeiro que a viu.
Adaptado de Eduardo Galeano. O livro dos abraços. Porto Alegre: L&PM, 2002, p. 16-
17.
Com base no trecho, assinale a afirmativa que interpreta
corretamente a relação entre tecnologia e produção de sentidos
na arte para o autor citado.
✂️ a) A narrativa tematiza o efeito de visualidade da morte a partir
de um enquadramento inesperado. ✂️ b) O relato analisa o funcionamento da ideologia capitalista, em
seu modo de produção de evidências. ✂️ c) A história problematiza a relação entre mídia e tecnologia
como expediente para manipular e falsear a realidade. ✂️ d) O texto aborda o sensacionalismo do fotojornalismo como
expediente para o consumo de massa. ✂️ e) A explanação mostra que a linguagem da arte supera o
pensamento formal, racional e lógico, e deixa aflorar
intencionalidades não aparentes.