“[...] cada príncipe deve desejar ser tido como piedoso e não como cruel: apesar disso, deve cuidar de
empregar convenientemente essa piedade. Cesar Bórgia era considerado cruel, e, contudo, sua crueldade
havia reerguido a Romanha e conseguido uni-la e conduzi-la à paz e à fé. O que, bem considerado, mostrará
que ele foi muito mais piedoso do que o povo florentino, o qual, para evitar a pecha cruel, deixou que
Pistoia fosse destruída. Não deve, portanto, importar ao príncipe a qualificação de cruel para manter seus
súditos unidos e com fé, porque, com raras exceções, é ele mais piedoso do que aquele que por muita
clemência deixam acontecer desordens, das quais podem nascer assassínios ou rapinagem. É que essas
consequências prejudicam todo um povo, e as execuções que provêm do príncipe ofendem apenas um
indivíduo. E, entre todos os príncipes, os novos são os que menos podem fugir à fama de cruéis, pois os
Estados novos são cheios de perigo”. (MAQUIAVEL, Nicolau. O príncipe. Coleção Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1973. p. 79 - 80). Sobre o pensamento de Maquiavel, é INCORRETO afirmar que:
✂️ a) Segundo Maquiavel, o príncipe com virtú seria capaz de perceber as forças da política e então agir com
energia para conquistar e manter o poder. ✂️ b) A moral política e a moral privada se confundem em Maquiavel, portanto o príncipe deve ter virtú, ou
seja, basear suas ações políticas nas normas éticas já estabelecidas. ✂️ c) A fortuna para Maquiavel constituiria a capacidade do príncipe de não deixar escapar a oportunidade,
sendo necessário que ele fosse precavido e ousado, um observador atento da história. ✂️ d) O bom príncipe deve ter fortuna e virtú, somente ser virtuoso não garantirá poder para o príncipe. ✂️ e) A teoria de Maquiavel busca distanciar-se da política normativa, estabelecendo como o príncipe deve
agir, não estando vinculada a ideia do governante virtuoso.