Homem de 21 anos de idade, descendente remoto de moçambicanos e índios brasileiros, foi selecionado para prestar serviços ao Exército após rigoroso exame médico. Dois anos depois, sem qualquer história de trauma relevante, em exame periódico de rotina, assintomático, apresentou sopro holossistólico regurgitativo, grau II(VI), em área mitral, irradiado até a linha axilar anterior e se acentuando em decúbito lateral esquerdo. A ecocardiografia transesofágica não visibilizou qualquer vegetação, mostrando folhetos valvares não espessados nem infiltrados. Um par de hemoculturas mostrou-se estéril e o hemograma completo foi normal. É correto considerar que o diagnóstico de
✂️ a) cardiopatia reumática crônica não pode ser excluído, sobretudo em descendentes de índios brasileiros, nos quais a representação do HLA-DR7 é bastante alta e se associa a quadros tardios de febre reumática. ✂️ b) lesão valvar mitral sequelar a endocardite prévia pode ser excluído, diante da falta de quadro clínico na história e porque não há quadros de endocardite com resolução espontânea. ✂️ c) cardiopatia reumática aguda deve ser considerado inclusive porque, segundo a OMS, o diagnóstico de cardite reumática insidiosa não demanda demonstração de outras lesões ou de infecção estreptocócica pregressa. ✂️ d) prolapso valvar mitral pode ser excluído porque lhe faltam os estigmas necessários para a confirmação, incluindo ausência de infiltrado mixomatoso e caráter holossistólico do sopro, em vez do esperado mesotelessistólico. ✂️ e) endocardite infecciosa pode ser rejeitado, segundo os critérios de Duke, pois este caso clínico não apresenta qualquer critério maior, como também não apresenta qualquer critério menor.