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Responda: Mantendo-se o sentido em ... sangrando a língua sem encontrar senão o chão duro e escaldante... (3° parágrafo), o segmento sublinhado pode ser corretamente substituído por


1Q33803 | Português, Interpretação de Textos, Assistente Administrativo, DPE RR, FCC

Texto associado.
   Por volta de 1968, impressionado com a quantidade de bois que Guimarães Rosa conduzia do pasto ao sonho, julguei que o bom mineiro não ficaria chateado comigo se usasse um deles num poema cabuloso que estava precisando de um boi, só um boi.

   Mas por que diabos um poema panfletário de um cara de vinte anos de idade, que morava num bairro inteiramente urbanizado, iria precisar de um boi? Não podia então ter pensado naqueles bois que puxavam as grandes carroças de lixo que chegara a ver em sua infância? O fato é que na época eu estava lendo toda a obra publicada de Guimarães Rosa, e isso influiu direto na minha escolha. Tudo bem, mas onde o boi ia entrar no poema? Digo mal; um bom poeta é de fato capaz de colocar o que bem entenda dentro dos seus versos. Mas você disse que era um poema panfletário; o que é que um boi pode fazer num poema panfletário?

   Vamos, confesse. Confesso. Eu queria um boi perdido no asfalto; sei que era exatamente isso o que eu queria; queria que a minha namorada visse que eu seria capaz de pegar um boi de Guimarães Rosa e desfilar sua solidão bovina num mundo completamente estranho para ele, sangrando a língua sem encontrar senão o chão duro e escaldante, perplexo diante dos homens de cabeça baixa, desviando-se dos bêbados e dos carros, sem saber muito bem onde ele entrava nessa história toda de opressores e oprimidos; no fundo, dentro do meu egoísmo libertador, eu queria um boi poema concreto no asfalto, para que minha impotência diante dos donos do poder se configurasse no berro imenso desse boi de literatura, e o meu coração, ou minha índole, ficasse para sempre marcado por esse poderoso símbolo de resistência.

   Fez muito sucesso, entre os colegas, o meu boi no asfalto; sei até onde está o velho caderno com o velho poema. Mas não vou pegá-lo − o poema já foi reescrito várias vezes em outros poemas; e o meu boi no asfalto ainda me enche de luz, transformado em minha própria estrela.


(Adaptado de: GUERRA, Luiz, "Boi no Asfalto", Disponível em: www.recantodasletras.com.br. Acessado em: 29/10/2015) 
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💬 Comentários

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Equipe Gabarite
Por Equipe Gabarite em 31/12/1969 21:00:00
Gabarito: a)

A expressão original 'sem encontrar senão' pode ser entendida como 'não encontrando nada além de' ou 'apenas encontrando'. Portanto, a substituição correta deve manter esse sentido de exclusividade ou restrição.

A alternativa 'a encontrar apenas' mantém o sentido original, pois 'apenas' indica exclusividade, equivalente a 'senão' no contexto.

As outras alternativas alteram o sentido ou apresentam construções inadequadas. Por exemplo, 'não encontrando somente' (b) é confusa e não mantém o sentido exato; 'mesmo de encontro com' (c) muda completamente o significado; 'a encontrar todavia' (d) introduz uma ideia de contraste que não existe; e 'sem que se encontrasse' (e) altera a estrutura e o sentido da frase.

Portanto, a alternativa correta é a letra a, que preserva o sentido original da expressão.
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