O antilusitanismo converteu-se no discurso da nacionalidade levado ao extremo; no nativismo exacerbado, que irmanava toda
a classe de homens em um único sentimento compartilhado, resumido à derrubada do imperador. Mas não se pode simplificar
a análise da situação. É preciso compreender os conflitos antilusitanos não apenas como disputas de nacionalidades, mas como
rixas e divergências com conteúdo político bem mais amplo. Elas traziam em si, por um lado, propostas e ideias de liberdade e
participação ativa; por outro, questões relacionadas ao mercado de trabalho setorizado, segmentado e hierarquizado.
(RIBEIRO, Gladys Sabina. 2002. p. 402.)
No contexto da Independência do Brasil e formação do Estado nacional brasileiro, o próprio príncipe D. Pedro personalizava
uma ambiguidade, que acabou através de algumas ações, gerando polêmicas, uma vez que:
✂️ a) Como pano de fundo da Independência, havia, acima de tudo, o desejo de priorizar a manutenção da escravidão e do
monopólio colonial. ✂️ b) Apesar da existência de uma Assembleia Constituinte, instalada em maio de 1823, a maioria dos políticos autorizados a
participar eram ibéricos. ✂️ c) Embora fosse o soberano do novo país, era filho do monarca metropolitano, lusitano de origem e às vezes distante das
necessidades reais do Brasil. ✂️ d) A “Constituição da Mandioca” mudou o estatuto do país, mas as relações políticas e sociais internas permaneceram
absolutistas como anteriormente.