“As comparações possíveis entre os dois Impérios atlânticos das monarquias ibérica,
aproximadas pelo tratado de 1750, e as reformas que sofreram ao longo do Setecentos podem
constituir uma chave importante para um melhor enquadramento das marcas peculiares do
caso português.
Os governos desses dois Império americanos compartilhavam muitas coisas [...] Mas aqui
interessa, sobretudo, sublinhar os pontos de discrepância.”
Texto extraído de: MONTEIRO, Nuno. As reformas na monarquia pluricontinental portuguesa: de Pombal a dom
Rodrigo de Sousa Coutinho. In: FRAGOSO, João; GOUVÊA, Maria de Fátima (orgs.). O Brasil Colonial, volume 3
(ca.1720-ca.1821). 1.ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2014. (Parte I – O mundo português em
transformação: o logo século XVIII e Parte II - Transformações na economia e na sociedade), p.118.
Nuno Monteiro, para construir o argumento do capítulo, realiza uma comparação entre a
monarquias pluricontinentais portuguesa e espanhola. Marque a opção que trata de forma
CORRETA essas diferenças – e/ou semelhanças – na concepção do autor:
a) A administração portuguesa na colônia era caracterizada por uma divisão, não só espacial,
mas também setorial, em instâncias múltiplas, as quais mantinham todas canais de
comunicação política com Lisboa, o que fazia de Portugal uma monarquia compósita, tal
qual a Espanha, cuja pluralidade administrativa comportava a existência de múltiplos
poderes regionais.
b) Na América Portuguesa, os oficiais americanos no exército de veteranos já eram de quase
45%, chegando a 70% em 1810, após a vinda da família real. Valores muito superiores aos
da América Espanhola, devido ao aprofundamento ali da política deliberada de afastamento
dos crioulos do governo. Já o papel das forças de milícia, de base sempre local, era similar
em ambos os casos.
c) Para a quase totalidade dos contemporâneos residentes na América Espanhola e na América
Portuguesa, começa-se a esboçar uma fratura geral entre elite local e peninsulares, ainda
que por razões distintas, a partir do último quarto do século XVIII. No primeiro caso, devido
ao tom “anticrioulo” das reformas bourbônicas de Galvez, e no segundo, a partir de políticas
que ampliaram o controle fiscal metropolitano.
d) A partir de 1765, diversas medidas foram tomadas abolindo o monopólio de Cádis e o
sistema de frotas, abrindo-se a todos os navios espanhóis o comércio entre os portos da
Península e os da América, alterando drasticamente os parâmetros do comércio colonial. Já
as medidas portuguesas agiram em sentido inverso, fortalecendo o exclusivo colonial, entre
outras formas, por meio da criação de companhias comerciais monopolistas.
e) As reformas do rei José I traduziram-se num aumento de carga tributária sobre o Império, o
que, pelo contrário, não é de todo evidente durante o reinado de Carlos III. Por fim, as
reformas portuguesas suscitaram diversas ondas de rebelião, algumas de grandes
dimensões. Nada semelhante teve lugar na Espanha. Em síntese, Pombal e Galvez tiveram
atuações no essencial divergentes.