A presença do multiculturalismo tem desafiado os processos educacionais escolares para a educação intercultural, na
perspectiva de superação das práticas pedagógicas monoculturalistas, etnocêntricas e excludentes. A pedagogia monocultural torna-se responsável, em um sentido metafórico, pela construção dos “muros escolares”, dos muros da igualdade nas
desigualdades, dos preconceitos, das discriminações, das supervalorizações de alguns conhecimentos em detrimento de
outros, dos processos competitivos, classificatórios e excludentes e da violência. Desse modo, a proposta da educação
intercultural, em uma sociedade contraditória e conflitiva protagonizada pelos conflitos estruturantes (de classe), impulsiona
a reinvenção dos processos educacionais como força contra-hegemônica e de resistência, na ousadia de romper com os
“muros hegemônicos”. Assim, o educador com perfil da educação intercultural visa:
a) Considerar a diversidade cultural como um obstáculo e um deficit ao processo de ensino-aprendizagem.
b) Defender um curriculum fechado e homogêneo, veiculando uma cultura oficial para todos – o etnocentrismo.
c) Promover a competição dos alunos, criando dispositivos de compensação (educação compensatória) para os mais “fracos”
/grupos minoritários.
d) Reconhecer e valorizar as expressões culturais particulares de todos os agrupamentos humanos, não só por uma razão
epistemológica, evitando, assim, todas as formas de etnocídio epistêmico, mas também por razões éticas e políticas.