Entre as tentativas de encontrar o melhor ângulo para
retirar o terneiro, meu irmão, o guri e seu pai tentavam
convencer Jaqueline de que a morte da vaca não seria
uma grande perda: “não é a mesma coisa que perder um
pai, um avô, que a gente lembra para o resto da vida, fica
lá no cemitério”, “bicho é bicho”. Jefferson, o guri, repetia
tudo que o pai dizia, mas já afastado, pois havia sido
corrido pela mãe.
Jaqueline repete: “pra mim não tem diferença!
Os bichos estão tudo na volta. Eles sabem quando eu
chego, me conhecem, sabem o meu cheiro. Sou eu que
dou comida. Não tem diferença nenhuma!”. O pai tenta
concordar sem afrontar os caras, dizendo que as pessoas
desenvolvem valor de estima pelos animais.
KOSBY, M. F. Mugido (ou diário de uma doula). Rio de Janeiro: Garupa, 2017.
No fragmento, as reações à perda de um animal refletem
concepções fortalecidas pela
✂️ a) sensibilidade adquirida com a lida no campo. ✂️ b) banalização da morte em função de sua recorrência. ✂️ c) expectativa do sofrimento na visão do destino
humano. ✂️ d) certeza da efemeridade da vida como fator de
pessimismo. ✂️ e) empatia gerada pela interseção entre o homem e
seu ambiente.