Até agora não pudemos saber se há ouro ou prata
nela, ou outra coisa de metal, ou ferro; nem lha vimos. Contudo a terra em si é de muito bons ares frescos
e temperados como os de Entre-Douro-e-Minho, porque
neste tempo d’agora assim os achávamos como os de lá.
Águas são muitas; infinitas. Em tal maneira é graciosa
que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo; por causa
das águas que tem! Contudo, o melhor fruto que dela
se pode tirar parece-me que será salvar esta gente.
E esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza
em ela deve lançar. E que não houvesse mais do que ter
Vossa Alteza aqui esta pousada para essa navegação de
Calicute bastava. Quanto mais, disposição para se nela
cumprir e fazer o que Vossa Alteza tanto deseja, a saber,
acrescentamento da nossa fé!
CAMINHA, P. V. A carta . Disponível em: www.dominiopublico.gov.br.
Acesso em: 31 out. 2021.
Esse texto é um fragmento da carta de Pero Vaz de
Caminha para o rei de Portugal, cuja importância
documental reside no fato de
✂️ a) apresentar usos pouco comuns do português padrão
da época. ✂️ b) descrever o estranhamento do autor ao chegar ao
Brasil. ✂️ c) fazer um inventário do expediente das rotinas de
navegação e achados da tripulação. ✂️ d) exemplificar procedimentos de comunicação formal
em um contexto de forte hierarquia. ✂️ e) ser um registro histórico e linguístico do período em
que foi redigido.