Vida obscura Ninguém sentiu o teu espasmo obscuro, ó ser humilde entre os humildes seres, embriagado, tonto de prazeres, o mundo para ti foi negro e duro. Atravessaste no silêncio escuro a vida presa a trágicos deveres e chegaste ao saber de altos saberes tornando-te mais simples e mais puro. Ninguém te viu o sentimento inquieto, magoado, oculto e aterrador, secreto, que o coração te apunhalou no mundo, Mas eu que sempre te segui os passos sei que cruz infernal prendeu-te os braços e o teu suspiro como foi profundo! SOUSA, C. Obra completa . Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1961. Com uma obra densa e expressiva no Simbolismo brasileiro, Cruz e Sousa transpôs para seu lirismo uma sensibilidade em conflito com a realidade vivenciada. No soneto, essa percepção traduz-se em
✂️ a) sofrimento tácito diante dos limites impostos pela discriminação. ✂️ b) tendência latente ao vício como resposta ao isolamento social. ✂️ c) extenuação condicionada a uma rotina de tarefas degradantes. ✂️ d) frustração amorosa canalizada para as atividades intelectuais. ✂️ e) vocação religiosa manifesta na aproximação com a fé cristã.