Eu vô transmiti po sinhô logo uma passage muito
importante, qu' eu iscutei um velho de nome Ricardo
Caetano Alves, que era neto do propietário da Fazenda
do Buraca. O pai dele, ele contava que o pai dele assistiu
uma cena muito importante aonde ele tava, do Jacarandá,
o chefe dos iscravo do Joaquim de Paula, com o chefe
dos iscravo do Vidigal, que chamava, era tratado Pai
Urubu. O Jacarandá era tratado Jacarandá purque ele
era um negro mais vermelho, tá intendeno com' é que
é, né? Intão é uma imitância de cerno de Jacarandá,
intão eles apilidaro ele de Pai Jacarandá. Agora, o Pai
Urubu, diz que era o mais preto de todos os iscravo que
era cunhicido nessa época. Intão ele ficô com o nome Pai
Urubu. É quem dirigia, de toda confiança dos sinhores.
Intão os sinhores cunhiciam eles como “pai”: Pai Urubu,
Pai Jacarandá, Pai Francisco, que é o chefe da Fazenda
das Abóbra, Pai Dumingo, que era da Fazenda do Buraca. SOUZA, J. Negros pelo vale . Belo Horizonte: Fale-UFMG, 2009. O texto é uma transcrição da narrativa oral contada
por Pedro Braga, antigo morador do povoado Vau, de
Diamantina (MG). Com base no registro da fala do
narrador, entende-se que seu relato
✂️ a) perpetua a memória e os saberes dos antepassados. ✂️ b) constrói uma voz dissonante da identidade nacional. ✂️ c) demonstra uma visão distanciada da cultura negra. ✂️ d) revela uma visão unilateral dos fazendeiros. ✂️ e) transmite pouca experiência e sabedoria.