A ideia de Brasil como país monolíngue ainda é extremamente veiculada, seja pela escola,
seja pelas instituições sociais, políticas ou religiosas, seja pela mídia. A aceitação de um
Brasil monolíngue gera um grave problema, “pois na medida em que não se reconhecem
os problemas de comunicação entre falantes de diferentes variedades da língua, nada se
faz também para resolvê-los” (BORTONI-RICARDO, 1984, p. 9). Paradoxalmente, com tantas
referências aos povos indígenas na imprensa devido à comemoração dos “500 anos do
Brasil”, ainda nos esquecemos das línguas indígenas. Também não levamos em conta as
variantes do português em contato com idiomas estrangeiros nas colônias de imigrantes. Por
fim, não são consideradas todas as variantes linguísticas do português, sejam regionais ou
sociais. Ainda dá status falar “corretamente”, na ideia ingênua de que a língua dita culta é
uma ponte para a ascensão social. Quem não domina a variante padrão é marginalizado(a)
e ridicularizado(a): na hora de preencher uma vaga profissional, num concurso vestibular,
numa situação de conferência, na escola. Essa variante padrão, no entanto, é reservada a
uma ínfima parte da população brasileira (a mesma que detém o poder econômico e político).
Não é difícil perceber que o modo de falar “correto” é o dessa elite e que o modo “errado”
é vinculado a grupos de desprestígio social. Conforme Marcos Bagno (1999), há no Brasil
uma “mitologia” do preconceito linguístico, que prejudica toda a nossa educação e nossa
formação como cidadãos para além de um termo teórico.
RODRIGUES, F. D. Disponível em: www.unicamp.br. Acesso em: 3 set. 2014 (adaptado).
O texto aborda reflexões referentes à ideia equivocada de monolinguismo e ao preconceito
com os diversos falares. A exigência de que todos dominem a norma-padrão da língua
como a única possibilidade de uso demonstra que o preconceito não é somente linguístico,
mas pode ser ligado à
✂️ a) raça. ✂️ b) região. ✂️ c) geração. ✂️ d) sociedade.