A editora-executiva de uma publicação voltada para celebridades selecionou trechos de falas de um músico, concedidas a outros veículos de comunicação, para compor uma entrevista na qual o leitor tinha a impressão de que era material exclusivo. Em nenhum momento as fontes de pesquisa foram citadas e somente após o veemente protesto do músico, de que não havia concedido entrevista para aquela jornalista, a publicação reconheceu publicamente a burla. O trabalho jornalístico é o de explicar o encadeamento de eventos que produziram o fato, num pacto social de credibilidade entre emissor e receptor. Daí, conclui-se que:
✂️ a) o jornalismo literário ficciona o real sem comprometimento do pacto social de credibilidade; ✂️ b) a fragmentação, o imediatismo e a fugacidade são elementos que caracterizam as publicações sensacionalistas; ✂️ c) a queda na circulação das publicações impressas face às novas plataformas digitais justifica o emprego de táticas editoriais que privilegiam o furo jornalístico; ✂️ d) o rompimento do pacto de confiança compromete a credibilidade não apenas da editora-executiva, mas também da publicação; ✂️ e) é plausível utilizar trechos de entrevistas concedidas a outras empresas jornalísticas, mixando com hipotéticas perguntas, para sugerir ao leitor que o material é exclusivo.