Esperava-se que a população do mundo [...] se estabilizasse em cerca de 10 bilhões de seres humanos, [...] por
volta de 2030, essencialmente por um declínio na taxa
de nascimento do Terceiro Mundo. [...] Era certo que os
movimentos previsíveis da população mundial aumentariam os desequilíbrios entre as diversas regiões. No todo,
como no Breve Século XX, os países ricos e desenvolvidos seriam aqueles cuja população seria a primeira a
estabilizar-se, ou mesmo a não se reproduzir mais, como
vários desses países já não o faziam na década de 1990.
Cercados por países pobres com imensos exércitos de
jovens clamando pelos modestos empregos no mundo
rico, que tornam homens e mulheres ricos pelos padrões
de El Salvador ou Marrocos, esses países de muitos cidadãos velhos e poucos filhos enfrentam a opção de permitir a imigração em massa (que [produziria] problemas
políticos imensos) [ou] entrincheirar-se contra os imigrantes dos quais precisam.
(Eric J. Hobsbawm, Era dos extremos:
o breve século XX : 1914-1991, 1995)
As afirmações e reflexões do historiador baseiam-se nas
considerações
✂️ a) dos desdobramentos políticos possíveis dos fenômenos históricos de distribuição irregular demográfica e de riquezas entre nações e estados contemporâneos. ✂️ b) da consolidação nos países ricos e do Primeiro Mundo do estado de bem-estar social em decorrência do
aumento substancial do número de trabalhadores
estrangeiros. ✂️ c) das transformações políticas e do equilíbrio de forças
internacionais na conjuntura histórica de hegemonia
político-militar dos Estados Unidos da América. ✂️ d) da ascensão de regimes ditatoriais e xenófobos nas
antigas democracias ocidentais como resultado dos
aumentos das taxas de desemprego nas atividades
industriais. ✂️ e) dos programas assistencialistas das Nações Unidas de reinserção e de recolocação da mão de obra
excedente nas economias do Terceiro Mundo.