[...] a adesão das autoridades policiais ao gradualismo
detonou as bases do controle social dos escravos nas
localidades, abrindo espaço para a ascensão dos movimentos rebeldes. O legalismo, mesmo que tímido, das
autoridades foi um subproduto não planejado do abolicionismo e deu lugar a uma reordenação de forças, com
consequências inesperadas. Os escravos, como sempre,
aproveitaram o espaço aberto pela briga entre os poderosos e avançaram decididamente. [...]. A fissura no discurso hegemônico sobre a defesa da propriedade escrava
como prioridade acabou, em última análise, abrindo o
flanco para a ascensão de um tipo de rebeldia escrava
que pôs fim à própria escravidão.
(Maria Helena P. T. Machado. “Teremos grandes desastres,
se não houver providências enérgicas e imediatas:
a rebeldia dos escravos e a abolição da escravidão”.
Em: K. Grinberg; R. Salles (Org.). O Brasil Imperial , vol. 3)
O contexto exposto pelo fragmento destaca
✂️ a) o protagonismo dos escravizados no processo de
abolição da escravidão. ✂️ b) o poder dos grandes senhores latifundiários para a
promulgação da Lei Áurea. ✂️ c) a desorganização do gradualismo abolicionista, em
razão das forças de segurança. ✂️ d) a violência exacerbada dos movimentos rebeldes
dos escravizados, em São Paulo. ✂️ e) os argumentos favoráveis ao gradualismo da abolição da escravatura no Brasil.