Ser artista de vanguarda, ainda que de vanguarda em crise,
significa, em primeiro lugar, acreditar no conteúdo de verdade
da arte. Isto é, acreditar que a arte expressa algo de essencialmente verdadeiro que não pode ser alcançado por outros
caminhos. Em segundo lugar, significa acreditar que esse algo,
uma vez revelado, possa mudar a relação entre as pessoas e as
coisas.
(MAMMI, Lorenzo. In: TASSINARI et al. Nuno Ramos. São Paulo: Ática,
1977. p. 200-1.)
A relação que se estabelece entre arte e filosofia está presente
nas discussões sobre estética desde os primórdios da teoria da
arte (e mesmo antes de que ela assim fosse nomeada). Observa-se uma constante necessidade de discutir a prática criativa através das discussões filosóficas. Platão e Aristóteles trouxeram importantes considerações sobre a estética, sendo que:
✂️ a) Para Aristóteles, a estética deve ser vista como imitação,
mas não deve extrapolar a natureza, pois, para ele, o mérito
de uma obra está na simples competência técnica do artista. ✂️ b) A arte para Platão seria uma imitação capaz de enganar
quem a vê e, por ser uma imitação de uma imitação contida
no mundo sensível, se afasta cada vez mais do real. A isso
ele chama de simulacro. ✂️ c) Para Platão, considerar os objetos comuns meras cópias do
mundo das formas tirava o valor da arte, pelos aspectos negativos da imitação. Aristóteles, apesar de ter sido seu discípulo, refutava praticamente todas as suas premissas. ✂️ d) Para Aristóteles, o aspecto positivo da criação realizada
na arte está no fato de que ela impede o indivíduo de ter
que vivenciar a realidade. Platão, anteriormente, já havia
preconizado esse descompromisso da arte com a vida.