A política do “pão e circo” (que no capitalismo apresenta de
forma nítida sua extemporalidade), as execuções escabrosas de
condenados e outros atentados contra a dignidade humana
constituem um elemento indissociável do desenvolvimento civilizatório. Todos esses fenômenos sociais apresentam o ponto
comum de associarem intrinsecamente a exaltação da visibilidade, da crueldade e do entretenimento público como mecanismos de poder sobre a subjetividade popular. O espetáculo
apropriado pelo poder estabelecido muitas vezes apresenta uma
capacidade de submissão das massas mais intensa que uma
violência legítima do Estado.
(Bittencourt, 1996. In: Revista Filosofia, Ciência & Vida. Nº 8-Editora
Escala Educacional, p. 56.)
Dentre os grandes debates da contemporaneidade, a questão
do desenvolvimento midiático e as suas influências no cotidiano são sempre pauta importante. Jean Baudrillard dedica
seus estudos, dentre outros assuntos, à compreensão da sociedade de massa e à massificação da sociedade. Aponta para o
que ele qualificou de hiper-realidade, que condiz com a ideia:
✂️ a) De que, apesar do apelo comercial e financista a que se
relaciona à veiculação das informações, existe claramente
a segmentação entre o que é falácia e o que realmente se
identifica com a verdade. ✂️ b) Da ontologia da era do espetáculo que, legitimada moralmente pelas instituições sociais dominantes (Igreja, Escola e
Estado), vem estabelecendo, mesmo que com dificuldades,
os limites das mídias sociais. ✂️ c) De que a cultura, hoje ao alcance de qualquer indivíduo,
torna-se a revelação social e antropológica, produzindo
uma liberdade até então nunca experimentada por uma
massa tão abrangente de pessoas. ✂️ d) De uma cultura produzida por meio da mídia, em uma
reprodução em nossos dias através das redes sociais, no
seu sentido antropológico, de uma cultura virtualizada,
adoecendo a memória coletiva cognitiva.