Resolvido o problema de relação entre filosofia e mito, temos
ainda um outro problema a solucionar: o que tornou possível o
surgimento da filosofia na Grécia no final do século VII a.C.?
Quais as condições materiais, econômicas, sociais, políticas e
históricas que permitiram tal coisa? Esse tem sido, ao longo do
tempo, um ponto comum nos questionamentos e estudos
acerca da emergência da Filosofia, quando se trata dos gregos.
(CHAUÍ, 2003.)
A política estimula um pensamento e um discurso que não
procuram ser formulados por seitas secretas dos iniciados em
mistérios sagrados. A ideia de um pensamento que todos
podem compreender e discutir, comunicar e transmitir foi fundamental para a chegada da filosofia, que teve, também, entre
condições históricas favoráveis para seu surgimento:
✂️ a) O ressurgimento da vida urbana, que tinha de certa forma
expirado durante o período das invasões macedônicas e que, ao
se restabelecerem, trouxeram de volta os debates filosóficos. ✂️ b) A vinculação entre estações do ano, as horas do dia, os fatos
importantes que se repetem no cotidiano, como algo gestado por um poder divino incompreensível, porém comprovado. ✂️ c) O desbravamento dos mares que produziram o desencantamento ou a desmistificação do mundo, que passou, assim, a
exigir uma explicação sobre sua origem que o mito já não
podia oferecer. ✂️ d) A decodificação de hieróglifos egípcios e ideogramas chineses, que, no decorrer da expansão grega, serviram de base
linguística para a criação de um processo de comunicação
próprio da filosofia.