Algo que me deixava irritado era a improdutiva polêmica se
cinema é arte ou não: já não me irrito, porque percebi que os
que dizem não, o fazem apenas por esporte. O esporte de irritar
os outros. Todo filme em potencial faz pensar. Do mais bobo ao
mais hermético. E o mais bobo pode ser muito mais filosófico do
que o hermético. Entretanto, quando a função é exclusivamente
entreter, ainda que faça pensar (acidentalmente), será mais
pobre. Então, se a função é de saída pensar, a chance de ser
mais rico é maior. (Paranhos, 2003.In: Revista Filosofia, Ciência & Vida. Nº 4. Editora
Escala Educacional, p. 56.) Em pouco tempo o cinema se tornou uma indústria; e hoje não
podemos falar sobre ela sem mencionarmos a indústria cultural. Nos deparamos, às vezes, com uma banalização generalizada e com uma crescente padronização dos produtos culturais, que cada vez mais se apresentam simplificados. Na
lógica da indústria cultural:
✂️ a) O próprio cinema, em qualquer circunstância, se torna mera
mercadoria e perde por completo a essência primeira do que
seria arte, procurando, ao invés de romper padrões, reproduzi-los. ✂️ b) Nas primeiras décadas do século XX, a indústria cinematográfica veio desconectada do meio capitalista e, portanto,
de uma forma rústica e elementar, totalmente dissociada do
interesse das massas. ✂️ c) O cinema foi considerado por muitos como a união de todas
as outras artes, e a obtenção do lucro foi um de seus objetivos
principais, o que é também a lógica máxima da sociedade
capitalista como um todo. ✂️ d) Temas culturais, políticos e outros do cotidiano, ao serem
representados através de temáticas bem específicas, perdem
a caracterização da arte cinematográfica enquanto instrumento alienador e propagador do modo fetichista.