“Há alguns anos, em relato sobre o julgamento de Eichmann em Jerusalém, mencionei a “banalidade do
mal”. Não quis, com a expressão, referir-me a teoria ou doutrina de qualquer espécie, mas antes a algo
bastante factual, o fenômeno dos atos maus, cometidos em proporções gigantescas – atos cuja raiz não
iremos encontrar em uma especial maldade, patologia ou convicção ideológica do agente; sua
personalidade destacava-se unicamente por uma extraordinária superficialidade.
(Arendt, H. A dignidade da política: ensaios e conferências. Rio de Janeiro: RelumeDumará, 1993, p. 145)
Para Hannah Arendt, a banalidade do mal é uma noção fundamental no horizonte contemporâneo da
filosofia política.
✂️ a) Pensar os totalitarismos é também considerar a contribuição de técnicos burocratas que justificam a
realização do seu próprio trabalho, sem considerar o mal a que estão diretamente vinculados. ✂️ b) Trata-se de uma teoria política do mal, mas atitudes pretensamente boas que se revelam, em última
instância, na realização do mal. ✂️ c) Em última instância, a reflexão política é, ao mesmo tempo, a confirmação da banalidade do mal. ✂️ d) Apesar disso, no âmbito da filosofia política, todo mal é, por fim, um bem a se realizar. ✂️ e) Mas Arendt não vê indícios da banalidade do mal nas democracias.