Compreendida enquanto disciplina que se ocupa não
apenas da análise crítica dos processos sociais, políticos,
culturais e econômicos que conformaram as diversas
sociedades ao longo do tempo, mas também da reflexão
acerca de seus próprios procedimentos metodológicos, a
História emerge da necessidade de investigar o
entrecruzamento entre memória, narrativa e produção do
conhecimento histórico. A constituição do saber histórico
exige, assim, uma interlocução constante entre a
materialidade das fontes, os paradigmas interpretativos e
as finalidades sociopolíticas atribuídas ao ato de narrar o
passado, tensionando continuamente os limites entre a
História como ciência e a história enquanto objeto de
estudo. Com base nessa perspectiva, examine as
proposições abaixo sobre os fundamentos teóricos do
conhecimento histórico, a prática historiográfica e a
constituição da memória social, e assinale a alternativa que
apresenta informação INCORRETA:
✂️ a) A corrente historiográfica conhecida como escola metódica,
surgida na França durante o final do século XIX e fortemente
influenciada pelos referenciais alemães de pesquisa histórica,
propôs consolidar a História como ciência positivada,
enfatizando o rigor documental e a crítica erudita das fontes
escritas, a fim de dissociar a disciplina dos devaneios literários
e das conjecturas filosóficas especulativas. ✂️ b) A memória coletiva, enquanto prática social indispensável à
constituição das identidades de um grupo, atua como elemento
estruturante para a reinterpretação de experiências passadas,
permitindo que os sujeitos sociais orientem suas ações no
presente e projetem perspectivas de futuro, assumindo a
história um papel de guia simbólico para a construção de
sentidos na coletividade. ✂️ c) A denominada terceira geração da Escola dos Annales,
vinculada ao movimento historiográfico conhecido como Nova
História, priorizou o retorno à história narrativa dos grandes
eventos e das figuras de proeminência política,
deliberadamente relegando a segundo plano as análises de
longa duração, as estruturas econômicas, as mentalidades
coletivas e os fenômenos culturais, preservando a centralidade
dos acontecimentos em sua metodologia. ✂️ d) A abordagem marxista de interpretação histórica refuta a
ideia de categorias universais e atemporais, ao entender a
história como processo dialético em constante transformação,
destacando a centralidade do proletariado como sujeito ativo na
transformação social. ✂️ e) A disciplina histórica, em seu duplo aspecto como campo de
saber e como objeto de investigação, caracteriza-se pela
ambiguidade do termo que a designa, uma vez que a História,
enquanto ciência, se volta para a análise dos processos,
instituições e acontecimentos pretéritos, mantendo os sujeitos
contemporâneos imersos no fluxo ininterrupto da temporalidade
histórica.