“Precisamente nisso enxerguei o grande
perigo para a humanidade, sua mais sublime
sedução e tentação – a quê? ao nada? –;
precisamente nisso enxerguei o começo do fim, o
ponto morto, o cansaço que olha para trás, a
vontade que se volta contra a vida, a última
doença anunciando-se terna e melancólica: eu
compreendi a moral da compaixão, cada vez mais
se alastrando, capturando e tornando doentes até
mesmo os filósofos, como o mais inquietante
sintoma dessa nossa inquietante cultura
europeia; como o seu caminho sinuoso em
direção a um novo budismo? a um budismo
europeu? a um – niilismo ?. .." (NIETZSCHE,
Friedrich. Genealogia da moral: uma polêmica. Tradução,
notas e posfácio de Paulo César de Souza. São Paulo:
Companhia das Letras, 1998. p. 11-12.)De acordo com o referido fragmento e
considerando a totalidade do pensamento de
Friedrich Nietzsche, podemos afirmar que a
alternativa INCORRETA é:
✂️ a) A elaboração nietzschiana sobre o niilismo é a
oportunidade em que o filósofo reconcilia-se com
Immanuel Kant, julgando-o como aquela honrosa
exceção que, em pleno século XVIII,
salvaguardou o pensamento alemão dos
ataques da metafísica. Na opinião de Nietzsche,
o imperativo categórico é o antídoto ao niilismo. ✂️ b) Uma das adversárias de Nietzsche é a moral da
compaixão, pois nela se intensifica a
decadência, a miséria e sua conservação. Sob a
afirmação de “Deus" ou do “além", como aquilo
que genuinamente definiria a verdadeira vida, a
moral da compaixão oculta o “nada". ✂️ c) Nietzsche reconhece a ambiguidade do conceito
de niilismo. Eis a razão pela qual ele diferencia o
niilismo ativo do passivo. O niilista ativo é o
“espírito livre" que reconhece e utiliza sua
potência para ir além dos valores tradicionais. Já
o niilista passivo, é o espírito cansado que se
subordina à decadência dos valores religiosos e
morais. ✂️ d) A disposição de afastar-se da aparência, da
mudança, do vir a ser, do desejo, conduz o
humano à vontade de nada , uma renúncia da
vida que se configura como causa do niilismo. ✂️ e) Uma das expressões mais conhecidas de
Nietzsche, com a qual o autor inicia suas
análises sobre o niilismo, é o fragmento
dedicado à morte de Deus. No aforismo de A
Gaia Ciência, a morte de Deus conduz-nos ao
diagnóstico da ausência de justificações
absolutas e de orientações para o alcance do
sentido da vida.