Texto associado. Texto 1
“Formação do Brasil no Atlântico Sul”: o leitor que bateu o olho na capa do livro estará intrigado com o subtítulo. Quer dizer então que o Brasil se formou fora do Brasil? É exatamente isso : tal é o paradoxo histórico que pretendo demonstrar nas páginas seguintes.
Nossa história colonial não se confunde com a continuidade do nosso território colonial. Sempre se pensou o Brasil fora do Brasil, mas de maneira incompleta: o país aparece no prolongamento da Europa. Ora , a ideia exposta neste livro é diferente e relativamente simples: a colonização portuguesa , fundada no escravismo, deu lugar a um espaço econômico e social bipolar, englobando uma zona de produção escravista situada no litoral da América do Sul e uma zona de reprodução de escravos centrada em Angola. Desde o final do século XVI, surge um espaço aterritorial, um arquipélago lusófono composto dos enclaves da América portuguesa e das feitorias de Angola. É daí que emerge o Brasil do século XVIII. Não se trata, ao longo dos capítulos, de estudar de forma comparativa as colônias portuguesas no Atlântico. O que se quer , ao contrário, é mostrar como essas duas partes unidas pelo oceano se complementam num só sistema de exploração colonial cuja singularidade ainda marca profundamente o Brasil contemporâneo.
[…]
A propósito do modo de escrever, é preciso notar que o território do historiador da Colônia deve abranger toda a extensão da lusofonia, da documentação ultramarina onde estão registrados os contatos entre as culturas que nos formaram. Além do mais, numa cultura tradicionalmente oral como a nossa , um meio privilegiado de patentear a presença do passado consiste em dar relevo à perenidade das palavras. Das palavras, dos coloquialismos – ainda vivos agora – grafados nos textos, na linguagem das estradas, das ruelas e das praias brasileiras. Por isso, da leitura dos documentos e dos textos seiscentistas, retomei expressões que encadeiam a narrativa das oito partes do livro.
ALANCASTRO, Luiz Felipe. O trato dos viventes : formação do Brasil no
Atlântico Sul. São Paulo: Companhia das Letras, 2001. [prefácio].
Considere o trecho abaixo retirado do texto 1.
“Formação do Brasil no Atlântico Sul”: o leitor que bateu o olho na capa do livro estará intrigado com o subtítulo. Quer dizer então que o Brasil se formou fora do Brasil? É exatamente isso: tal é o paradoxo histórico que pretendo demonstrar nas páginas seguintes.
Assinale a alternativa correta .
✂️ a) A construção “Formação do Brasil no Atlântico Sul” é o título de um livro cujo subtítulo deve ser depreendido do texto prefacial. ✂️ b) A construção “paradoxo histórico” faz menção à ideia contraditória de que o Brasil teria se formado fora do Brasil. ✂️ c) O sinal de dois pontos, em ambos os casos, é usado para introduzir um exemplo ilustrativo do conteúdo expresso nos respectivos enunciados precedentes. ✂️ d) Há um deslize de pontuação no texto, pois deveria haver uma vírgula depois da palavra “que”, de forma a isolar a pergunta em: “Quer dizer então que, o Brasil […]?”. ✂️ e) Em “o leitor que bateu o olho na capa do livro estará intrigado com o subtítulo”, o uso dos tempos verbais pretérito perfeito e futuro do presente em um mesmo enunciado está em desacordo com as regras de emprego dos tempos verbais.