O Conselho Federal de Psicologia publicou a nota técnica CFP nº
1/2023, na qual, a partir da análise dos fundamentos teóricos da
prática, questiona as bases teóricas e destaca incongruências
éticas e de conduta profissional no uso da Constelação Familiar
(CF) enquanto método ou técnica da psicologia.
Dentre as reflexões apresentadas, aquela que traz uma crítica à
CF alinhada aos princípios do Código de Ética Profissional do
Psicólogo é a seguinte:
a) as bases teóricas da CF consagram uma leitura acerca do
lugar da infância e da juventude fortemente marcada por um
viés contemporâneo, tendo como base uma concepção de
família referenciada na hierarquia e no respeito dos pais aos
filhos;
b) a técnica da CF é realizada muitas vezes com a transmissão
aberta das sessões grupais e individuais, inclusive
virtualmente, zelando pela observância do princípio de sigilo
profissional;
c) os pressupostos teóricos da CF afirmam a igualdade de
gênero nas relações conjugais e familiares e criticam a
naturalização do vínculo biológico, considerando os aspectos
históricos, sociais e políticos que engendram as famílias na
contemporaneidade;
d) a prática da CF parece explicar os fenômenos a partir de
características pessoais e interpessoais naturalizadas, o que
acaba por desconsiderar determinantes sociais, políticos,
econômicos, de gênero e raciais envolvidos na construção da
subjetividade e sofrimento dos sujeitos.
e) a prática da CF derruba conceitos patologizantes das
identidades de gênero, das orientações sexuais e das
masculinidades e feminilidades que fogem ao padrão
hegemônico imposto para as relações familiares e sociais.