Quando eu falo em adiar o fim do mundo, não é a este mundo
em colapso que estou me referindo. Este tem um esquema tão
violento que eu queria mais é que ele desaparecesse à meia
noite de hoje e que amanhã a gente acordasse em um novo.
No entanto, efetivamente, estamos atuando no sentido de uma
transfiguração, desejando aquilo que o Nêgo Bispo chama de
confluências, e não essa exorbitante euforia da monocultura,
que reúne os birutas que celebram a necropolítica sobre a vida
plural dos povos deste planeta. Ao contrário do que estão fazendo, confluências evoca um contexto de mundos diversos
que podem se afetar. (...) Se o colonialismo nos causou um
dano quase irreparável foi o de afirmar que somos todos iguais.
(Adaptado de KRENAK, Ailton. Futuro ancestral. São Paulo: Companhia das Letras, p.
40-42, 2022.)
Assinale a alternativa que explicita a crítica de Krenak à monocultura, tal como é enunciada no excerto.
a) A monocultura praticada nos grandes latifúndios é responsável por diversos problemas ambientais e pela necropolítica.
b) A monocultura, assim como a imposição colonial de um modelo cultural único, se expressa na recusa da pluralidade de
povos e culturas.
c) Adiar o fim do mundo requer o combate à monocultura na
produção agrícola e a transfiguração deste mundo em que
estamos vivendo.
d) A monocultura, produtora de violências, é resultado do colonialismo e da necropolítica.