(...) a arte fica amputada de todo o conteúdo e supõe-se no seu lugar um elemento tão formal como a
satisfação. Bastante paradoxalmente, a estética torna-se para Kant um hedonismo castrado, prazer sem
prazer, com igual injustiça para com a experiência artística, na qual a satisfação atua casualmente e de
nenhum modo é a totalidade, e para com o interesse sensual, as necessidades reprimidas e insatisfeitas...
ADORNO, Theodor. Teoria estética. In: DUARTE, Rodrigo. O belo autônomo .
Belo Horizonte: Autêntica/Crisálida, 2012. p.371-372.
Considerando essa crítica de T. Adorno à concepção estética de Kant, pode ser afirmado que
✂️ a) o Belo é algo noumênico que requer desprendimento das intuições sensíveis a priori apresentadas
na Estética Transcendental. ✂️ b) as obras de arte não são imediatamente realizações de desejos, mas transformam a libido
primeiramente insatisfeita em realização socialmente produtiva. ✂️ c) a satisfação desprovida do interesse, como este é entendido por Kant, torna-se satisfação de algo
tão indefinido que não serve para nenhuma definição do Belo. ✂️ d) as obras de arte, mesmo sublimadas, pouco diferem de representantes das emoções que tornam
aquelas irreconhecíveis por uma espécie de trabalho onírico.