A EDUCAÇÃO NO TRÂNSITO
A comunicação é uma arma poderosa na batalha cotidiana
pela queda dos números de acidentes, servindo ao mesmo
tempo como instrumento de educação e conscientização.
Campanhas de mobilização pelo uso de cinto de segurança,
das práticas positivas na direção, da não utilização de bebidas
alcoólicas ao dirigir, do uso da faixa de pedestres, entre outras,
são comprovadamente eficientes. É crescente a preocupação com
o ensino dos princípios básicos do trânsito desde a infância e ele
pode acontecer no espaço escolar, com aulas específicas, ou também
nos ambientes especialmente desenvolvidos para o público infantil
nos departamentos de trânsito. Com a chegada do Código Brasileiro
de Trânsito (CBT), em 1998, os condutores imprudentes passaram a
frequentar aulas de reciclagem, com o propósito de reeducação.
Como se vê, alguma coisa já vem sendo feita para reduzir o
problema. Mas há muito mais a fazer. A experiência mundial mostra
que as campanhas para alertar e convencer a população, de forma periódica,
da necessidade de obedecer regras básicas de trânsito, não são suficientes
para frear veículos em alta velocidade e evitar infrações nos semáforos.
O bolso, nessas horas, ajuda a persuadir condutores e transeuntes a andar
na linha. A Capital Federal é um exemplo de casamento bemsucedido entre
comunicação de massa e fiscalização. Um conjunto de ações foi responsável
por significativa queda no número de vítimas fatais do trânsito na cidade.
O governo local, a partir da década de 1990, adotou uma série de medidas
preventivas. Foram veiculadas campanhas de conscientização, foi adotado
o controle eletrônico de velocidade e foi implementado o respeito às faixas
de pedestres. Essas providências, associadas à promulgação do novo Código
de Trânsito, levaram a uma expressiva redução nos índices de mortalidade
por 10 mil veículos em Brasília - de 14,9 em 1995 para 6,4 em 2002. Nesse
período, apesar do crescimento da frota de 436 mil para 469 mil veículos,
o número de mortes por ano caiu de 652 em 1995 para 444 em 2002.
Foi um processo polêmico. O governo foi acusado de estar encabeçando
uma indústria de multas, devido ao grande número de notificações aplicadas.
Reclamações à parte, o saldo das ações se apresentou bastante positivo.
Recentemente as estatísticas mostram que o problema voltou a se agravar.
O número de vítimas fatais de acidentes no trânsito passou de 444 em 2002
para 512 em 2003. Pesquisas do DETRAN apontam que um dos principais motivos
desse aumento é o uso de álcool por motoristas.
(Pedro Ivo Alcântara. www.ipea.gov.br)