Entre os principais desafios atuais da atuação de
Psicólogas(os) na educação está a necessidade de
enfrentar o fenômeno da crescente patologização e
medicalização das crianças e adolescentes. Este
fenômeno pode ser explicado, do ponto de vista da
maior parte da produção teórica crítica, da seguinte
forma:
a) Um salto qualitativo na ciência na neurociência,
que está proporcionando maior qualidade de vida para
os indivíduos diagnosticados em detrimento do
desenvolvimento das funções psicológicas superiores.
b) Prática que foi institucionalizada a partir da
implementação de especializações em Neuropsicologia.
Com ela tornou-se possível prescrever medicamentos
para combater transtornos de aprendizagem como
TDAH e demais déficits de atuação neurotípicas.
c) Objetivam tornar refém da regulação química
indivíduos que supostamente não “aprendem” a se
autorregularem, ou seja, a regular de modo intencional,
sua conduta, seus impulsos, sua atenção. Na maioria
das vezes os diagnósticos associados a tais fenômenos
imputam a responsabilidade pela dita “disfunção”
neurobiológica à genética. Para alguns pesquisadores
está ocorrendo um processo de “controle social da
dissidência” que se confirma, por exemplo, na produção
mundial de metilfenidato (MPH), droga mais utilizada
para pessoas rotuladas como portadoras de TDAH, que
cresceu 400% entre 1993 e 2003.
d) Prescrição exacerbada de metilfenidato (MPH),
carbonato de lítio, naltrextone, divalproato de sódio,
Ritalina® o sugestivo Concreta®, para profilaxia
adstrita aos tratamentos de pessoas de todos os níveis
do Transtorno do Espectro Autista (TEA). As
prescrições que tiveram um significativo de 1.616%
desde 2000. Se for incluída a dextro-anfetamina, outra
droga poderosa para tratar exclusivamente pessoas com
TEA, mas que geralmente é menos utilizada, as vendas
em 2008 ultrapassam 2 milhões de caixas. Os
tratamentos medicamentosos aqui descritos podem
remir pessoas com TEA.