Paulo Freire mostra, em sua obra Pedagogia da Indignação , uma preocupação com um descompasso geracional no que diz respeito ao acompanhamento das transformações dos novos tempos, principalmente diante da aceleração característica dos últimos cem anos. O autor nos propõe forjar em nós uma qualidade sem a qual dificilmente conseguiremos compreender adolescentes e jovens: “a capacidade crítica, jamais ‘sonolenta’ sempre desperta à inteligência do novo. Do inusitado que, embora às vezes nos espante e nos incomode, até, não pode ser desconsiderado, só por isso, um desvalor”. Para validar a importância de se acompanhar as novas tecnologias, Paulo Freire afirma que
✂️ a) é tão urgente quanto necessária a compreensão correta da tecnologia, a que recusa a entendê-la como obra diabólica ameaçando sempre os seres humanos ou a que a perfila constantemente a serviço de seu bem-estar. ✂️ b) os que decidem pela transformação da realidade da mesma forma precisam organizar suas táticas em coerência com sua estratégia, quer dizer, com seu sonho possível ou utopia. Essa exigência, mudar mesmo quando a mudança é difícil, nem sempre teve que ver com a “natureza” da prática educativa. As condições históricas atuais, marcadas pelas inovações tecnológicas, corroboram que as tecnologias atrapalham o processo educativo. ✂️ c) quanto maior é a importância da tecnologia mais se afirma a necessidade de rigorosa vigilância sobre ela, colocando a tecnologia a serviço “das gentes” e do mercado. Por isso mesmo, a formação técnico-científica é mais do que puro treinamento ou adestramento para o uso de procedimentos tecnológicos. É também adestramento para a usar eticamente. ✂️ d) “a alfabetização em televisão” não é lutar contra a televisão, uma luta sem sentido, mas como estimular o jovem a enfrentar o extraordinário poder da mídia, da linguagem da televisão, substituindo-a por hábitos mais saudáveis. ✂️ e) não podemos nos pôr diante de um aparelho de televisão “entregues” ou “disponíveis”, de posse de uma postura crítica desperta. Devemos usá-la, sobretudo, discuti-la.