No artigo Atualização e contraefetuação do virtual: o processo do
parentesco , o antropólogo Eduardo Viveiros de Castro propõe o
conceito de "afinidade potencial" para explicar as complexas
relações entre grupos e entidades nos sistemas de parentesco
ameríndios. O autor afirma que:
"A afinidade potencial, valor genérico, não é um componente do
parentesco (como o é a afinidade matrimonial, efetiva), mas sua
condição exterior. Ela é a dimensão de virtualidade de que o
parentesco é o processo de atualização” (Viveiros de Castro,
2000, p. 412). Em diversas sociedades amazônicas, a afinidade potencial:
✂️ a) configura o campo relacional a partir do qual o parentesco se
atualiza; ✂️ b) é um conceito análogo a "natureza" no pensamento
ocidental, representando um domínio oposto à “cultura"; ✂️ c) é uma força desagregadora que ameaça a ordem social e
invariavelmente gera guerras e conflitos entre os grupos
indígenas; ✂️ d) limita-se às relações de parentesco, definindo os laços entre
grupos por meio do casamento e da consanguinidade; ✂️ e) restringe-se à esfera matrimonial, expressa na preferência
por casamentos entre primos cruzados como forma de
garantir a reprodução social e a circulação de bens.