No processo de crítica da racionalidade diagnóstica, que torna formas de sintoma e de mal-estar parte de um processo social de alienação e de mercantilização do sofrimento, o sistema diagnóstico desenvolvido pela APA tornou-se um objeto importante, na medida em que fixa e estabelece uma maneira de pensar e talvez induza um tipo de psicopatologia que não é necessário nem deveria ser pensado como hegemônico em termos de pesquisa, de financiamento em saúde mental ou de justificação clínica.
CHRISTIAN, Dunker. Questões entre a psicanálise e o DSM. Jornal de Psicanálise 47 (87), 79-107. 2014.
Acerca do Impacto Diagnóstico em Psicologia e Saúde Mental podem ser feitas as seguintes afirmativas, exceto .
✂️ a) A atual racionalidade diagnóstica dos manuais psiquiátricos parte de um prisma ateórico e prático para pensar as estruturas clínicas observáveis, constituindo-se como um substituto útil das práticas clínicas psicoterapêuticas tradicionais. ✂️ b) Um diagnóstico visa condensar uma grande quantidade de informações clínicas em um único signo clínico de forma a orientar o tratamento e a tornar mais fácil a comunicação entre o terapeuta e seu paciente ou entre profissionais. ✂️ c) É inegável que a adoção de um modelo pragmático por parte dos manuais diagnósticos atuais traz benefícios como a uniformização da linguagem clínica dos chamados transtornos mentais e parâmetros mais evidentes para as pesquisas científicas da área. ✂️ d) O diagnóstico psiquiátrico que sempre foi fenomenológico demonstra, atualmente, uma tendência a substituir as grandes categorias (neurose, psicose maníaco-depressiva, esquizofrenia, toxicomania...) por descrições especificadas de fenômenos objetivos. ✂️ e) O clínico deve estar atento ao fato notório de que conceitos acerca de uma determinada condição clínica não descrevem apenas tipos naturais ou evolução de estados, mas são coletivamente performativos, na medida em que redefinem a realidade social do paciente.