Grupo escolar Sonhei com um general de ombros largos que fedia e que no sonho me apontava a poesia enquanto um pássaro pensava suas penas e já sem resistência resistia. O general acordou e eu que sonhava face a face deslizei à dura via vi seus olhos que tremiam, ombros largos, vi seu queixo modelado a esquadria vi que o tempo galopando evaporava (deu para ver qual a sua dinastia) mas em tempo fixei no firmamento esta imagem que rebenta em ponta fria: poesia, esta química perversa, este arco que desvela e me repõe nestes tempos de alquimia. BRITO, A. C. In: HOLLANDA, H. B. (Org.). 26 Poetas Hoje: antologia. Rio de Janeiro: Aeroplano, 1998. O poema de Antônio Carlos Brito está historicamente inserido no período da ditadura militar no Brasil. A forma encontrada pelo eu lírico para expressar poeticamente esse momento demonstra que
✂️ a) a ênfase na força dos militares não é afetada por aspectos negativos, como o mau cheiro atribuído ao general. ✂️ b) a descrição quase geométrica da aparência física do general expõe a rigidez e a racionalidade do governo. ✂️ c) a constituição de dinastias ao longo da história parece não fazer diferença no presente em que o tempo evapora. ✂️ d) a possibilidade de resistir está dada na renovação e transformação proposta pela poesia, química que desvela e repõe. ✂️ e) a resistência não seria possível, uma vez que as vítimas, representadas pelos pássaros, pensavam apenas nas próprias penas.