Uma jovem de 24 anos apresentou odinofagia associada a fadiga
e uma cervicalgia mais pronunciada à esquerda, identificando ser
um caroço de aproximadamente 1 cm. O quadro progrediu
durante os três dias com piora dos sintomas, além de febrícula –
de até 37,8 °C – constante. A seguir, ocorreu dor em hipocôndrio
direito. No quinto dia de sintomas, foram prescritos amoxicilina e
anti-inflamatório não esteroidal devido a hiperemia de orofaringe
com placas brancacentas – a paciente teve diagnóstico de
amigdalite bacteriana, apresentando náuseas e anorexia. Com
aproximadamente 1 semana de sintomas e 3 dias do uso do
antibiótico, a jovem decidiu procurar novo atendimento médico,
que revelou: sinais vitais estáveis, porém com taquicardia
(FC 110 bpm), eutrófica, sem evidência de emagrecimento,
eupneica. Rash eritematoso maculopaular difuso estava visível
em tronco, abdômen e porção próxima de membros superiores e
inferiores. Havia presença de edema periorbitário bilateral.
Linfonodos posteriores aos músculos esternocleidomastoideos
estavam aumentados e pouco dolorosos (1,5 e 1,2 cm),
fibroelásticos, móveis. Havia também micropoliadenopatia em
outras cadeias cervicais superficiais. Orofaringe apresentava
hipertrofia amigdaliana, petéquias em palato e exsudato
membranoso. Ao exame ginecológico com ectopia em colo
uterino, foi detectado corrimento fisiológico, sem presença de
outras alterações como úlceras. O abdômen era doloroso em
andar superior à palpação profunda com hepatimetria de 14 cm e
borda romba e dolorosa e espaço de Traube ocupado.
Sobre as hipóteses diagnósticas e complementação da
investigação, é correto afirmar que:
✂️ a) resultado negativo para vírus Epstein-Barr elimina a
necessidade de repetição do exame, pois se trata de teste
muito sensível e específico. Deve-se prosseguir na
investigação de outros quadros com a biópsia excisional de
linfonodo cervical; ✂️ b) anticorpos IgG para antígeno antiviral do capsídeo (VCA) e
antígeno nuclear de Epstein-Barr (EBNA) estão presentes por
toda a vida em pacientes com exposição prévia ao vírus
Epstein-Barr (EBV) e não são marcadores de um processo
ativo sugerindo verdadeira infecção; ✂️ c) a síndrome descrita pode ser decorrente de processos
neoplásicos, infecciosos ou autoimunes. A investigação deve
começar pela punção aspirativa do linfonodo maior e
sorologias para os seguintes vírus: Epstein-Barr,
citomegalovírus, herpes vírus, sífilis e HIV; ✂️ d) a presença de linfocitose com linfócitos atípicos associada a
hipogamaglobilinemia reforça os diagnósticos de lúpus
eritematoso sistêmico ou linfomas; ✂️ e) amigdalite resistente a antibiótico associada a petéquias em
palato pode sugerir a doença de Lemierre causada pelo
Fusobacterium necrophorum, motivando a troca do esquema
antibiótico para ceftriaxona no caso clínico descrito.