“Se o espetáculo, tomado sob o aspecto restrito dos ‘meios de
comunicação de massa’, que são sua manifestação mais
esmagadora, dá a impressão de invadir a sociedade como simples
instrumentação, tal instrumentação nada tem de neutra: ela
convém ao automovimento total da sociedade. Se as
necessidades sociais da época na qual se desenvolvem essas
técnicas só podem encontrar satisfação com sua mediação, se a
administração dessa sociedade e qualquer contato entre os
homens só se podem exercer por intermédio dessa força de
comunicação instantânea, é porque essa ‘comunicação’ é
essencialmente unilateral; sua concentração equivale a acumular
nas mãos da administração do sistema os meios que lhe
permitem prosseguir nessa precisa administração.” (DEBORD,
Guy. A sociedade do espetáculo. Rio de Janeiro: Contraponto,
1997, p. 17)
A obra intitulada A sociedade do espetáculo, do escritor francês
Guy Debord, aborda conceitos como ideologia, alienação,
mediação sociocultural, dentre outros. Ao aceitarmos a premissa
de que a espetacularização é uma estratégia de poder, o papel de
agente cabe aos meios de comunicação de massa.
De acordo com o exposto acima, o espetáculo na sociedade tem
como desígnio:
✂️ a) assegurar a bilateralidade nas relações entre emissor e
receptor como recurso discursivo inclusivo e de resiliência; ✂️ b) reforçar a abstração geral para manutenção de um sistema
econômico fundado no isolamento das multidões solitárias; ✂️ c) tornar a população partícipe de um jogo no qual o
consumidor é autônomo na escolha dos bens culturais a
serem usufruídos; ✂️ d) desprecaver os donos dos meios de produção de uma nova
forma de organização de classes para o enfrentamento da
dominação midiática; ✂️ e) separar-se do Estado Moderno, que, por si só, é indutor da
cisão na sociedade, produtor de divisão do trabalho social e
órgão de dominação de classe.