Volta e meia recebo cartinhas de fãs, e alguns são bem
jovens, contando como meu trabalho com a música mudou
a vida deles. Fico no céu lendo essas coisas e me emociono
quando escrevem que não são aceitos pelos pais por serem
diferentes, e como minhas músicas são uma companhia e
os libertam nessas horas de solidão.
Sinto que é mais complicado ser jovem hoje, já que nunca
tivemos essa superpopulação no planeta: haja competitividade,
culto à beleza, ter filho ou não, estudar, ralar para arranjar
trabalho, ser mal remunerado, ser bombardeado com trocentas
informações, lavagens cerebrais...
Queria dar beijinhos e carinhos sem ter fim nessa moçada e
dizer a ela que a barra é pesada mesmo, mas que a juventude
está a seu favor e, de repente, a maré de tempestade muda.
Diria também um monte de clichê: que vale a pena estudar
mais, pesquisar mais, ler mais. Diria que não é sinal de saúde
estar bem-adaptado a uma sociedade doente, que o que é
normal para uma aranha é o caos para uma mosca.
Meninada, sintam-se beijados pela vovó Rita.
RITA LEE. Outra autobiografia. São Paulo: Globo Livros, 2023.
Como estratégia para se aproximar de seu leitor, a autora
usa uma postura de empatia explicitada em
✂️ a) “Volta e meia recebo cartinhas de fãs, e alguns são
bem jovens”. ✂️ b) “Fico no céu lendo essas coisas”. ✂️ c) “Sinto que é mais complicado ser jovem hoje”. ✂️ d) “Queria dar beijinhos e carinhos sem ter fim nessa moçada”. ✂️ e) “Diria que não é sinal de saúde estar bem-adaptado a
uma sociedade doente”.