“Embora não seja viável dar conta da pobreza no capitalismo, nem em sua face material, pois, dialeticamente falando, riqueza e escassez fazem parte do mesmo todo, nem em sua face política, porque o mercado não suporta o papel de mero instrumento da cidadania, é possível arquitetar uma política mais adequada de combate à pobreza, que comece por admitir que política social, para ser “social”, precisa interferir nas relações de mercado – toda política social que não implica interveniência nas relações de mercado não é propriamente social, porque deixa tudo como está, mesmo sob os mais espetaculares discursos e projetos”. (Demo, 1997) A partir dessa citação, pode-se depreender da visão do autor que:
✂️ a) uma política de combate à pobreza centrada na assistência e em medidas compensatórias deixa intocada a concentração de renda, pilar da desigualdade social; ✂️ b) a flexibilização dos direitos trabalhistas representou o ponto de chegada para o aprofundamento da concentração de renda; ✂️ c) a regulação do mercado, sobretudo do financeiro, está na raiz da redução do papel do Estado no investimento em políticas públicas; ✂️ d) uma política adequada de combate à pobreza e à desigualdade social exige vontade política e ampliação dos direitos sociais; ✂️ e) o enfrentamento da pobreza só é possível mediante a transformação radical da sociedade de classes, cujo vetor é a socialização dos meios de produção.