Leia o trecho a seguir.
O que há em comum entre um cavalo de pau e uma serpente de
fibras? Segundo Ernst Gombrich, o cavalinho de pau é bastante
trivial e, geralmente, contenta-se em ocupar seu lugar no canto do
quarto de uma criança, sem nutrir ambições estéticas. Detesta
afetações e assim mostra-se satisfeito com seu corpo de madeira e
sua cabeça talhada toscamente. A serpente de fibras é igualmente
corriqueira, podendo ser encontrada em todas as cozinhas dos
índios Wayana. Nas lides cotidianas este utensílio presta-se a uma
única função, espremer a massa de mandioca ralada, para a qual
foi justamente confeccionado. Na perspectiva indígena, esses dois
atributos, especificidade de uso e propriedade funcional, sobretudo
quando conjugados, constituem a condição máxima de valorização
e beleza de um artefato.
Adaptado de VELTHEM , L. H. 2009. Mulheres de cera, argila e arumã:
princípios criativos e fabricação material entre os Wayana . In: Mana , 15, 2009,
p. 213.
Sobre as estéticas que fundamentam as artes indígenas, é correto
deduzir que, na cultura ameríndia,
✂️ a) cestos, bancos, colares são apreciados como belos quando
expressam um requinte de feitura e matéria-prima. ✂️ b) o valor estético de um objeto é dado pela sensibilidade do seu
usuário, de modo subjetivo e incomunicável. ✂️ c) a beleza está relacionada à materialidade e às formas de
apreensão e definição dos artefatos produzidos nas aldeias e
comunidades. ✂️ d) os objetos cotidianos são percebidos como belos quando
manifestam harmonia e proporção formal. ✂️ e) a simetria e a capacidade de elevar o espírito são atributos
estéticos que qualificam determinados artefatos em relação
aos demais.