Em situação de grave vulnerabilidade econômica e social, Nísia
acumulou uma dívida relevante junto ao Banco BCCI S.A.,
decorrente de um contrato de crédito pessoal com juros
capitalizados mensalmente.
Após tentativas infrutíferas de renegociação, Nísia recebeu
proposta formal da instituição para firmar novo acordo, que
consolidaria os débitos vencidos e vincendos, com a substituição
da obrigação original por uma nova, com cláusula de quitação
plena da dívida anterior. No instrumento, contudo, além da
manutenção dos encargos originais, foram inseridos juros
remuneratórios superiores à média de mercado e encargos
moratórios não previstos no pacto anterior.
Após dois meses de pagamentos regulares sob o novo contrato,
Nísia procurou a Defensoria Pública do Estado de Pernambuco.
Sobre a situação narrada, na qualidade de membro da Defensoria
Pública, assinale a afirmativa correta.
✂️ a) A renegociação do contrato executada por Nísia junto à
instituição financeira, considerada como uma novação, exclui
a possibilidade de discussão acerca de possíveis ilegalidades no
acordo anterior. ✂️ b) A celebração da novação por parte capaz é suficiente para
garantir sua validade, independentemente de eventual
desequilíbrio contratual ou de conduta abusiva da credora,
não se admitindo revisão posterior. ✂️ c) A revisão das taxas de juros remuneratórios previstas no
contrato de Nísia é admitida em caráter excepcional, devendo
ser demonstrada cabalmente a abusividade da cobrança. ✂️ d) O princípio da intervenção mínima prevalece no ordenamento
jurídico brasileiro impedindo a revisão da novação, salvo em
caso de nulidade absoluta por violação aos requisitos
essenciais do negócio jurídico. ✂️ e) A novação inviabiliza o controle de legalidade do novo
contrato no que se refere à eventual abusividade das
cláusulas, uma vez que se presume a paridade e a simetria na
formação contratual.