Khan, servidor público federal lotado no Ministério Alfa , figura
como réu em ação penal na qual é acusado de peculato e
concussão (Art. 312 e Art. 316, ambos do Código Penal). O
inquérito policial fora instaurado a partir de comunicação anônima
apresentada na ouvidoria do órgão, corroborada por outros
elementos de prova, resultando na posterior obtenção de provas
por meio da interceptação telefônica, autorizada pela autoridade
judiciária.
Ciente desses fatos, a autoridade administrativa competente
determinou a instauração de processo administrativo disciplinar
(PAD), que foi regularmente constituído e desenvolvido.
Apoiando-se no enunciado da Súmula 591 do Superior Tribunal de
Justiça, a comissão responsável obteve o compartilhamento de
provas do processo criminal, respeitados o contraditório e a ampla
defesa.
Dias depois, Carol Marcus, servidora pública lotada na mesma
repartição, encontrou diversos documentos em um armário, que
evidenciavam os malfeitos de Khan. Desconhecendo a existência
da ação penal e do PAD, Carol Marcus comunicou imediatamente
o fato ao seu chefe, James Kirk, que, ao tomar ciência, enviou o
material encontrado para a comissão responsável. No entanto,
ainda no curso do PAD e antes da decisão final, o Tribunal Regional
Federal (TRF) competente deu provimento a um recurso do réu
para reconhecer a incompetência do juízo que presidia a ação
penal, assim como para invalidar as provas obtidas por meio da
interceptação telefônica, reputando-as ilegais.
Diante desse cenário, assinale a afirmativa correta
✂️ a) O PAD deve ser integralmente anulado, pois a decisão do TRF
que reconheceu a incompetência do juízo penal e invalidou as
provas por interceptação telefônica afeta diretamente a
validade do PAD, uma vez que todas as provas utilizadas na
instrução do processo disciplinar foram consideradas ilegais. ✂️ b) A decisão do TRF não impede a continuidade do PAD, mas
exige que as provas obtidas por meio da interceptação
telefônica sejam desconsideradas pela comissão responsável.
No entanto, o PAD pode prosseguir e ser instruído com as
novas provas encontradas pela servidora pública na
repartição. ✂️ c) O PAD deve ser imediatamente suspenso até que sobrevenha
decisão judicial que confirme ou anule a decisão do TRF. ✂️ d) A decisão do TRF torna nulo todo o PAD, inclusive as provas
encontradas posteriormente pela servidora pública, uma vez
que a invalidação das provas principais afeta toda a cadeia
probatória, impedindo o uso de qualquer material obtido no
curso do processo. ✂️ e) A decisão do TRF que invalida as provas por interceptação
telefônica no processo penal não impede que essas mesmas
provas sejam utilizadas no PAD, uma vez que o regime
probatório no processo administrativo disciplinar é mais
flexível e admite a utilização de provas obtidas em outros
processos, independentemente de sua validade no processo
penal.